Quercus. Portugal no 2º lugar dos menos poluentes


Data: 16 Setembro, 2013

Entre os países da União Europeia, Portugal perdeu a liderança do ranking no que diz respeito à frota de novos veículos ligeiros mais eficientes e mais limpos em relação a 2011.

Os novos veículos ligeiros de passageiros em Portugal, emitiram em 2012, em média, 117,7 gCO2/km, apenas ultrapassado pela Dinamarca (117,3 gCO2/km) e seguido pela Holanda (118,7 gCO2/km).

Estas são as conclusões de um estudo publicado em Bruxelas, pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus faz parte.

Segundo a Quercus, existem vários fatores que justificam este desempenho positivo de Portugal, uma tendência que continua a verificar-se desde há vários anos: a frota média de automóveis ligeiros é dominada por veículos de dimensões mais reduzidas (e menos poluentes) do que a média dos países da UE e a carga fiscal beneficia os veículos menos poluentes, com a componente de emissões de CO2 a ser ponderada em 60% no Imposto sobre os Veículos (IA) e no Imposto Único de Circulação (IUC). A crise económica que o país atravessa terá também resultado no decréscimo das vendas de novos veículos ligeiros, destacando as vendas dos mais eficientes.

O estudo ‘How Clean are Europe’s Cars’, publicado desde 2006, mostra o progresso anual feito pelos fabricantes de automóveis para reduzir o consumo de combustível e as emissões de CO2 dos novos veículos ligeiros de passageiros colocados no mercado europeu, por comparação com as metas de emissões para 2015 (130 gCO2/km) e 2020 (95 gCO2/km).

Em 2012, os principais fabricantes de automóveis conseguiram reduzir as emissões médias de CO2 da sua frota em 2,5% ligeiramente abaixo dos 3,3% em 2011, mantendo a tendência de diminuição desde a adoção do regulamento europeu que limita as emissões de CO2 dos novos veículos em 2009(2), o que mostra a sua clara eficácia.

As principais marcas automóveis, no seu todo, estão apenas a 4% de atingir a meta de emissões para 2015, uma distância que estava em 7% em 2011. A Fiat, Toyota, Peugeot-Citroën (PSA), Renault e a Ford já cumprem em 2012 a meta para 2015, três anos antes do previsto. A Honda e a Mazda são as marcas automóveis mais distantes de atingir a meta para 2015. A manter-se a tendência de redução de emissões dos últimos cinco anos, será possível à indústria automóvel, no seu todo, também atingir a meta para 2020 antes desta data. Na corrida para a atingir, os fabricantes europeus (exceto a Daimler) estão entre os primeiros nove lugares com melhor desempenho, enquanto os últimos seis fabricantes com pior desempenho são asiáticos, num total de 15 fabricantes.

Os resultados apresentados mostram ainda que os fabricantes de automóveis não precisam de mecanismos artificiais para atingir as metas de emissões de CO2, como os supercréditos(3) ou a manipulação dos testes de laboratório sobre a poupança de combustível e de emissões de CO2 dos veículos, face às condições reais de condução(4). Para todos os fabricantes de automóveis, mais de metade do progresso de redução das emissões em testes de laboratório não foi replicado na estrada.

 

O peso dos veículos é um fator determinante para reduzir o consumo de combustível e emissões, e obter grandes poupanças em faturas de combustível. É possível, com base na tecnologia disponível, a custo reduzido e sem contrapartidas para a funcionalidade e segurança na estrada, reduzir um terço do peso dos veículos e o consumo de combustível em 23%. A redução do peso dos veículos em 100 kg pode ajudar os fabricantes automóveis a reduzir as emissões da sua frota média em 4,57 gCO2/km. As marcas automóveis não estão a tirar partido desta possibilidade, porque o regulamento de 2009 tem como critério o tamanho do veículo e não no seu peso na definição das metas de emissão.

O progresso na redução das emissões de CO2 nos novos veículos ligeiros poderá estar comprometido a partir de 2015. A Alemanha tem minado os esforços da UE em tornar mais ambiciosa a revisão do regulamento de 2009, atualmente em negociação entre o Parlamento e o Conselho Europeu(5). A divergência prende-se com a intenção da Alemanha em continuar a usar supercréditos com o objetivo de aumentar as vendas de carros elétricos no seu mercado interno. O estudo da T&E constatou que os supercréditos concedidos à Nissan para vender apenas 2800 carros elétricos em 2012 efetivamente reduziu a sua meta de emissões em 2 gCO2/km. Se a tendência atual de aumento das vendas de veículos elétricos continuar em alguns Estados-Membros, os supercréditos comprometeriam totalmente a meta dos 95 gCO2/km a atingir em 2020.

Francisco Ferreira, da Quercus, reforça que “é importante a indústria automóvel continuar empenhada em reduzir as emissões de CO2 dos novos veículos e dê prioridade a tecnologias menos poluentes. As instituições europeias não podem ceder aos interesses da indústria, pelo recurso a mecanismos artificiais para reduzir as suas emissões e assim manipular os consumidores, com prejuízo para a economia e o ambiente.”

 

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