Calculando o percurso…


Data: 9 Agosto, 2016

O sonho do automóvel inteligente, que comunica com o seu proprietário e “autoconduz-se”, sempre esteve, de algum modo, presente nas nossas vidas, mais que não fosse, através dos filmes futuristas de Hollywood, onde, impreterivelmente, se conjeturava sobre como seria o veículo do futuro. Podemos, hoje, dizer que esse automóvel chegou.

Embora muitos possam colocar ainda em causa a democratização do automóvel autónomo, por todas as questões éticas e legais que permanecem sem resposta, o mesmo não se aplica à inteligência dos veículos, que já saem das fábricas com capacidade de produzir, enviar, receber e analisar informações. Mais, mediante essa análise, são capazes mesmo de tomar decisões, registá-las e transformá-las em conhecimento. É com, e para, estes carros que o setor irá trabalhar a breve trecho. Isto é de tal maneira um dado adquirido quanto é o facto de as próprias marcas de componentes com negócios no aftermarket já disponibilizarem um conjunto de soluções que permitem dotar a maioria dos veículos em circulação de conectividade e, por essa via, de alguma inteligência.

É exatamente desta evolução que falamos nesta edição, na certeza de que, não se sabendo como será o futuro, ele passará por aqui… Por veículos ligados a tudo e a todos, que abrem janelas de novas oportunidades que podem ser aproveitadas, mas que fecham portas a quem não se atualizar. Porque esse é o risco! Mesmo elementos que poderiam, à partida, ser considerados como “convencionais”, hoje encerram em si um sem-número de inovações e tecnologias.

Veja-se por exemplo o vidro auto (ao qual dedicamos um dossier), diretamente associado ao funcionamento dos sistemas ADAS… Tudo no automóvel está a mudar, tal como o está no mundo. E isso implica que também os negócios se alterem, integrando as novidades e fazendo parte das tendências. Estamos numa verdadeira “Mudança de Época”, como diz Martín Romero, autor do livro com o mesmo título e nosso Protagonista este mês. E, neste contexto, ou fazemos parte da mudança ou não estaremos na próxima época. É preciso perceber o que está diferente, o que querem os clientes, o que fazem os concorrentes, mas, acima de tudo, o que se pretende alcançar, porque a colheita depende da semeia.

E, neste particular, já a sabedoria popular diz que “quem semeia ventos colhe tempestades”. O ditado é bem verdade para quase três dezenas de oficinas, que, na sequência de uma megaoperação da ASAE, e depois de terem optado por soluções de diagnóstico pirateadas, enfrentam agora processos-crime. Na edição n.º 49, a TURBO OFICINA abordou diretamente este problema, pelo que não pode deixar de enaltecer aquela que é uma ação de salvaguarda da livre concorrência e da proteção dos direitos de autor e de marca. Esperamos, no entanto, que as ações não se fiquem por aqui, porque também as oficinas são vítimas de um mercado paralelo, de grandes dimensões, que tem de ser travado. Só assim todos poderão crescer e… rumar ao futuro!

 

Por: Andreia Amaral – Editora-Chefe

Artigo originalmente publicado na Turbo Oficina n.º51

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