“Aftermarket” vale 1375 milhões de euros

Texto: David Espanca
Data: 3 Janeiro, 2020

A DPAI considera que o mercado do “aftermarket” está em desaceleração, apesar do volume de negócios ter registado um crescimento em 2018.

 

A Divisão do Pós-Venda Automóvel Independente (DPAI) deu a conhecer as mais recentes tendências deste setor, baseando-se em dados estatísticos levados a cabo no Observatório do Pós-Venda Independente Portugal 2019.

Pedro Barros, membro da comissão executiva da DPAI, explicou que a estrutura empresarial do setor do “aftermarket” em Portugal compreende cerca de 1500 empresas, mas são 1286 as que realmente participam nos estudos, no fundo as que têm as declarações entregues às finanças. É de salientar ainda que 60 destas empresas têm uma faturação superior a três milhões de euros.

 

Mercado do “aftermarket” desacelera

O interlocutor adianta ainda que “o volume de negócios do ‘aftermarket’ cresceu 27% em 2018, representando 1375 milhões de euros” e que “quase metade dessa faturação é da responsabilidade de cerca de 60 empresas”. No entanto, esclarece que atualmente o mercado se encontra em desaceleração, pois “tem-se verificado uma perda de produtividade nos últimos cinco anos”.

Falou depois sobre as tendências que vão condicionar o mercado do pós-venda, uma delas tem a ver com o facto dos construtores automóveis melhorarem, a curto prazo, o seu posicionamento na distribuição de peças. Logo, “as barreiras entre os canais OE e o IAM tendem a desaparecer”.

Pedro Barros adianta também que “o aumento da transparência de preços em toda a cadeia de valor gerará tensões de preços na distribuição de peças de reposição”. Uma outra tendência é que “o número de decisores sobre onde será realizada a reparação do veículo ficará mais reduzida, o que levará a uma concentração no negócio de pós-venda”.

 

Consumidor mais bem informado

As nove milhões de consultas em catálogos de preços de peças dizem respeito, na sua maioria, a veículos que têm entre 9 a 18 anos (41,5%), com mais de 18 anos (34,4%), seguidos a grande distância pelos de 3 a 8 anos (15%) e os de 0 a 2 anos (8,3%). Estas pesquisas levam também a que o consumidor esteja mais bem informado sobre o valor das peças e a argumentação que tem na altura da reparação na oficina é decisiva.

Por outro lado, a consolidação da redução da procura de veículos a diesel pode comprometer a sustentabilidade de alguns fabricantes de peças de reposição. Atualmente, o parque automóvel circulante está representado da seguinte forma: gasóleo (50%), gasolina (49%) e energias alternativas (1%).

É de salientar que a procura de peças corresponde a veículos a gasóleo (70%) e gasolina (30%). Desta forma é de prever que, em 2030, “o setor do ‘aftermarket’ sofra uma redução nos lucros na ordem dos 18%”, adianta Pedro Barros.

Uma outra questão tem a ver com o acesso aos dados do veículo, que farão deste um elemento ativo de pós-venda. Como é do conhecimento geral, “o carro do futuro será elétrico, autónomo, conectado, partilhado e personalizado, pelo que estas tendências irão afetar o volume e a estrutura do mercado, bem como os modelos de negócio em torno dos agentes”, defende o responsável do DPAI.

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