Transgrua. Peso pesado


Data: 19 Dezembro, 2012

Uma das maiores empresas de aluguer de gruas, autogruas, plataformas e camiões abriu-nos as portas da sua casa e contou-nos de que precisa para se manter em forma: técnicos especializados.

Se passar pela Estrada Nacional N.º4 irá reparar que, a certa altura, a paisagem libertina se confunde com a quantidade de autogruas que se podem ver numa das margens. Já dentro das instalações da Transgrua, no Passil, em Alcochete, um olhar mais atento comprova que é este o grande centro de trabalho da empresa e o local onde está concentrada a maior fatia do seu equipamento pesado. Logo à entrada, o cenário contempla uma fila de camiões e de autogruas considerável, ladeada pela primeira grua da empresa, a G-01, cuja idade já ultrapassa os 35 anos. O engenheiro Carlos Ramusga, responsável pela manutenção das gruas e dos camiões da empresa, garantiu-nos que a G-01 ainda funciona, o que só vem comprovar a durabilidade destes equipamentos. E tendo em conta o custo de aquisição de alguns destes modelos, nem podia ser de outra forma.

Só para ter uma ideia, uma autogrua de 200 toneladas da Liebherr, modelo LTM 1200-5.1, custa “cerca de 700 mil euros”, disse-nos o responsável. Por isso é importante garantir que todos os procedimentos são cumpridos no momento de operar estas máquinas.

SOLUÇÕES DIVERSAS

Com 15,82 metros de comprimento e uma capacidade de elevação de 200 toneladas métricas a uma altura que pode chegar aos 72 metros, o Liebherr LTM 1200-5.1 é um modelo muito complexo que exige, obrigatoriamente, a presença de um condutor-manobrador. Além do preço elevado, as características técnicas desta autogrua de lança telescópica requerem um elemento que possa ajuizar o espaço onde o camião será estabilizado ou a altura que a lança deve atingir para realizar o trabalho acordado com o cliente.

A manutenção é elevada e os gastos com o equipamento também. Carlos Ramusga refere que este modelo tem um consumo de combustível que ronda “os 100 litros por hora” quando circulam na estrada. Outros poderão ter consumos menores ou até mais elevados, dependendo do peso e da sua dimensão. “Há máquinas que estão aptas a circular em terreno rugoso, por exemplo, e isso também penaliza o consumo. É o caso deste modelo, que tem tração em quatro dos cinco eixos, podendo circular fora-de-estrada e em terrenos acidentados e lameados”, conta. Além das autogruas e equipamentos de  grande porte, a Transgrua aluga também empilhadoras ou mini-escavadoras mais pequenas que não necessitam de condutormanobrador.

Podem ser alugadas por qualquer pessoa particular que deseje fazer uma pequena obra em casa (“a pintura da fachada de um edifício” ou “a mudança de uma lâmpada num acesso difícil”) e alargam o reportório de soluções da empresa, enquanto as autogruas se destinam à elevação de objetos mais pesados, como “uma pá para uma torre de um gerador eólico.” O aluguer é “tipicamente feito à hora, mas existem situações de trabalho mais prolongados que podem ser negociados ao mês ou à obra”, esclarece.

EQUIPA PRÓPRIA

Carlos Ramusga diz ainda que a Transgrua não atua em regime de exclusividade com nenhum fabricante, mas que há fornecedores com os quais trabalha com maior frequência. “Trabalhamos com duas empresas nos pneus e nos combustíveis, e, neste tipo de autogruas, adquirimos normalmente veículos a três construtores: a Liebherr, a Grove e a Terex, que serão talvez as grandes marcas deste tipo de equipamentos. Já nos braços de elevação de carga que são acoplados aos camiões, trabalhamos especificamente com a Palfinger.”

Por uma questão de custos e  operacionalidade, a Transgrua possui uma equipa de manutenção própria, composta por “cerca de 25 pessoas”. Os núcleos do Passil e Vialonga, em Lisboa, são os que concentram mais elementos. “Aqui temos 11 e em Vialonga mais sete ou oito, com os restantes a estarem espalhados por Sines, Pombal, Porto e Algarve – as outras delegações da empresa.” Aos que tentam juntar-se a este grupo é exigido um nível de competências elevado, de forma a lidar com as componentes hidráulicas e eletrónicas da maioria dos equipamentos. “Os nossos profissionais são todos altamente qualificados. Trabalham com mecânica automóvel pesada, além de toda a parte elétrica e hidráulica – duas áreas que compõem uma fatia muito importante do nosso treino de formação.” O engenheiro acrescenta que há trabalhos difíceis “que exigem o corte de vias e uma janela de tempo apertada” e que a empresa precisa de garantir ao cliente que tem capacidade para “resolver qualquer problema”.

A entrada nesta estrutura não é fácil. A maior parte das pessoas já faz parte da equipa há muitos anos, até porque na Transgrua prevalece a formação interna e a identidade corporativa. “Temos pessoas que estão cá desde o início da sua atividade profissional e que passaram a adolescência como aprendizes”, diz Carlos Ramusga. “Não temos estado a admitir ninguém para esta área, até porque nem sempre é fácil encontrar no mercado pessoas que tenham capacidade técnica para se juntar a nós. Tipicamente, o que fazemos é pegar em pessoas da área da mecânica de pesados ou da eletricidade automóvel e tentar, com elas, avaliar a sua capacidade de evolução antes de as inserir no nosso grupo. Mas há quem tenha preenchido candidaturas espontâneas que, depois de analisadas, foram propostas para admissão.”

TRÊS PERGUNTAS A CARLOS RAMUSGA, RESPONSÁVEL MANUTENÇÃO GRUAS E CAMIÕES DA TRANSGRUA

A Transgrua existe desde 1973. É hoje muito mais do que uma empresa de aluguer de equipamentos?

Definimo-nos como uma empresa de elevação de pessoas e bens e de transporte de mercadorias. Mas não nos limitamos a alugar o equipamento. Também monitorizamos todo o processo, tentando encontrar a melhor solução para o cliente. Há sempre um elemento da nossa área comercial que avalia, juntamente com o cliente, o local da obra, explicando-lhe em seguida a melhor solução para garantir o que pretende. Esta é uma parte da nossa atividade que não é cobrada e que nos é muito querida.

O que é uma operação de baixo custo e uma de valor muito elevado?

Sem referir valores, posso dizer que o aluguer de uma autoplataforma elétrica de 12 m de elevação, sem condutor-manobrador, é uma realidade completamente diferente e muito mais barata do que o aluguer de uma das nossas maiores autogruas, com capacidade de elevação de 400 toneladas métricas. Os custos envolvidos são completamente diferentes.

Que tipo de equipamentos são mais solicitados e como tem evoluído o mercado?

O mercado manda e a sua sazonalidade também. Há momentos em que as autogruas são a fatia mais rentável do negócio, outras em que são os camiões e o transporte de mercadorias e outras em que a maior parte do lucro vem do aluguer de equipamento sem operador. Mas a crise é transversal a todos os setores de negócio e nós também sentimos uma quebra no caso da elevação de cargas, até porque este é um serviço muito requisitado pela área da construção.

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