Continental desenvolve sistemas de assistência à deteção de aquaplanagem

Texto: Carlos Moura
Data: 2 Maio, 2018

A Continental anunciou o desenvolvimento de sistemas de deteção de aquaplanagem, que dão ao condutor a possibilidade de diminuir a velocidade e evitar acidentes.

 A Continental anunciou que está a desenvolver um sistema de alerta automático de risco de aquaplanagem. Esta perda de aderência em superfícies extremamente molhadas reduz fortemente a capacidade de controlo dos veículos e pode originar um risco sério de acidente. No futuro, o sistema de alerta de aquaplanagem, baseado em dados de uma câmara e dos sensores dos pneus, irá antecipar possíveis situações de aquaplanagem. Isto significa que os condutores vão ser avisados a tempo e podem ajustar a velocidade mais cedo. A tecnologia, que ainda se encontra numa fase de pré-desenvolvimento, poderá vir a ser disponibilizada nas próximas gerações de veículos, segundo avançam os especialistas de tecnologia da Continental. O hardware e software do sistema de alerta de aquaplanagem está a ser trabalhado pelos engenheiros da Continental em Frankfurt, Hanover e Toulouse.

O conhecimento das condições das estradas é um fator crucial de segurança, já que os acidentes em condições meteorológicas adversas ocorrem sobretudo devido à perda de aderência entre os pneus e a superfície da estrada. Com o seu Road Condition Observer (Observador de Condições Rodoviárias), a Continental apresentou a solução que permite que as condições da estrada sejam classificadas tendo em vista a fricção pneu/estrada. Uma condição específica designada aquaplanagem (ou lençol de água) é extremamente perigosa tanto para veículos com condução manual como para os automatizados.

A empresa tecnológica Continental começou a desenvolver conceitos baseados em sensores para alertar o condutor caso esteja iminente a perda de aderência. Quando existe o risco de uma fina camada de água na estrada, a pressão da água entre o pneu e a superfície da estrada pode fazer com que as rodas da frente flutuem. Travar e fazer manobras deixa de ser possível e o condutor perde o controlo do veículo. Quanto maior for a profundidade da água e a velocidade, maior é a probabilidade de aquaplanagem.

Os responsáveis de desenvolvimento da Continental estão concentrados em antever e gerir o risco de aquaplanagem. O objetivo é detetar, tão depressa quanto possível, uma possível situação em que a roda da frente flutue, de forma a despoletar um aviso antecipado ao condutor. Utilizando sinais das câmaras de visão surround e dos sensores eTIs (electronic-Tire Information System) instalados nos pneus, é dado ao condutor um aviso antecipado sobre a aproximação de uma situação de aquaplanagem. A Continental está também a trabalhar no controlo e estabilização dos veículos em situações de aquaplanagem, como vectorização de binário por travagem individual da roda.

As condições de aquaplanagem podem ocorrer de forma inesperada e sem oportunidade para um aviso de antecipação. Nestes casos, o potencial risco para outros veículos na estrada pode ser mitigado por uma comunicação antecipada através da tecnologia V2X e do eHorizon, facilitando uma rede de solidariedade em que um veículo atua como um sensor de segurança para todos os outros veículos e não apenas para aqueles que estão diretamente próximos. O eHorizon pode fornecer esta informação aos veículos que potencialmente podem ser afetados, para que estes possam ajustar as suas funções de condução a condições de aquaplanagem.

“Para um condutor, é difícil avaliar as condições em piso molhado”, disse Bernd Hartmann, director de Enhanced ADAS (Advanced Driver Assistance Systems) & Tire Interactions no departamento de Tecnologia Avançada da Divisão Chassis & Segurança. “Quando sentimos o veículo a flutuar já é tarde demais. Os nossos conceitos de assistência à aquaplanagem detetam a fase inicial da aquaplanagem para que o condutor esteja consciente do que está debaixo dos pneus. Isto pode ajudar os condutores de veículos automatizados a adaptarem a sua velocidade às condições da estrada”.

O sistema em desenvolvimento é abrangente – pneus, sensores de pneus, câmaras, algoritmos, atuação do travão e interface homem-máquina.

Para detetar situações de aquaplanagem, são analisadas imagens das câmaras com visão surround instaladas nos espelhos laterais, a grelha e a traseira. “Quando existe muita água na estrada, as imagens da câmara mostram um padrão específico de salpicos e de jatos de água que pode ser detetado como a fase inicial de um lençol de água”, explicou Hartmann. Por exemplo, o deslocamento excessivo de água em todas as direções debaixo do pneu é uma das características mais comuns. Durante a primeira fase de testes da nova solução, os algoritmos de reconhecimento de humidade conseguiram uma alta taxa de acerto na previsão de condições potenciais de aquaplanagem.

Para além da informação dada pelas imagens, a Continental usa informação dos pneus para detectar o risco de aquaplanagem. Os sinais dados pelos sensores eTIS, instalados no forro no interior do pneu, são avaliados. “Usamos o sinal do acelerómetro do Sistema Electrónico de Informação sobre Pneus para procurar um determinado padrão de sinais”, disse Andreas Wolf, Director da Unidade de Negócio Body & Security da Continental. Um modelo de pneu processa a aceleração radial da parte do pneu que está em contacto com a estrada. Para pisos molhados, – quando a água que é transportada para fora do pneu é suficiente para garantir a aderência adequada – o sinal mostra um padrão distinto. Assim que uma cunha de água começa a formar-se à frente do pneu e há excesso de água na estrada, o sinal de aceleração começa a oscilar de uma determinada forma, indicando o risco de aquaplanagem. Dado que o sensor eTIS também pode detetar a profundidade restante do piso do pneu, pode ser calculada e comunicada ao condutor uma velocidade segura para circular numa estrada com aquelas condições.

Os testes mostraram que a futura assistência em aquaplanagem também terá potencial para intervir numa situação real de aquaplanagem, aplicando os travões traseiros de uma forma controlada para estabelecer um grau de “vectorização de torque” que mantenha a capacidade de manobra do veículo dentro de limites físicos.

Os lençóis de água não são só um desafio para os condutores; também é difícil avaliar quantos acidentes urbanos e em autoestradas são causados pela aquaplanagem. “Este é um dos últimos espaços em branco num mapa estratégico que tem como objetivo mais segurança rodoviária”, disse Bernd Hartmann. Mas os condutores devem continuar a ter em conta uma regra geral: ajustar a sua velocidade para pisos molhados e estar atentos à profundidade do piso do pneu. Isto porque uma diminuição da profundidade do piso indica que o pneu não tem capacidade para drenar uma quantidade adequada de água, aumentando assim o risco de aquaplanagem.

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