Acabamento. Pintura em jantes de alumínio


Data: 28 Fevereiro, 2013

As jantes de alumínio de um veículo, fruto da imagem que oferecem, constituem quase na totalidade dos novos modelos mais um equipamento de série que uma opção. Geralmente, as jantes de liga leve têm um acabamento de tinta e estão continuamente expostos a esfoladelas e a pequenos toques, que resultam em danos estéticos.

A posição das jantes num veículo e, consequentemente, a sua exposição a contactos com outros veículos ou com a envolvência, implica que sofram todo o tipo de danos estéticos: pequenas perdas de material, esfoladelas ou pequenas fissuras. Além disso, pelas suas condições de trabalho, expostas a agentes exteriores como a chuva, a neve, alcatrão, terra, gravilha, etc, originam perdas de brilho, escurecimento o degradação rápida da cor.
Em muitos casos, estes danos, por vezes superficiais, resultavam na necessidade de trocar a jante pela aparente complexidade da sua reparação devido, em parte, às formas utilizadas na sua construção, que criam zonas de geometria complicada e difícil acesso.
No entanto, o aumento do uso generalizado das jantes de alumínio nos automóveis, paralelamente ao aumento do seu custo, provocaram que atualmente a sua reparação seja contemplada como alternativa à substituição, com a consequente poupança nos custos. Isto obriga a realizar um processo de pintura adequado para devolver à jante danificada o seu estado original, além de proporcionar resistência e durabilidade para resistir a novas agressões físicas ou químicas.
No mercado existem empresas especializadas na reparação de todo o tipo de danos. Isto apesar da generalidade das oficinas não contar com os utensílios e ferramentas necessários para realizar este trabalho, pelo que centram a sua possível intervenção exclusivamente na reparação de danos estéticos.

PARTICULARIDADES DO PROCESSO DE PINTURA DE JANTES
Dependendo da superfície danificada que a jante apresenta, os processos consistirão numa pintura parcial, para pequenos danos localizados ou uma pintura completa.
– Pintura parcial: Os pequenos danos localizados são aqueles que permitem um controlo total e delimitado da reparação e pintura da jante, contando com os limites naturais que oferece a sua forma, sem necessidade de uma pintura integral da jante. Como são reparações localizadas, por vezes evita-se a a montagem e desmontagem do pneu. É necessário proceder a alguns trabalhos de máscara para proteger as zonas das rodas que não vão ser pintadas: borracha, superfície não danificada da jante, os buracos entre os raios, etc.
– Pintura completa da jante: A pintura completa da jante obriga normalmente à desmontagem da roda do veículo, para aceder ao perfil da jante.
Tanto para a pintura parcial como total existem no mercado duas técnicas básicas: a baseada na aplicação de tinta em spray e a convencional de pintura com equipamentos aerográficos. Ainda que sejam técnicas diferentes, os passos a seguir são comuns, destacando-se duas operações em todo o processo: a limpeza e a lixagem, com diferenças substanciais ao processo normal para a reparação de outras peças do veículo.
A diferença na limpeza está no facto de as jantes estarem muito expostas a diversos contaminantes – derivados da circulação, do alcatrão, óleos, terras ou gravilha –, assim como os próprios fatores causados pelas condições atmosféricas – chuva e neve. Além disso, o pó gerado pelo uso e desgaste das pastilhas de travão também contribuem para que as jantes ganhem uma camada de sujidade. Para a sua eliminação é necessário usar detergentes químicos específicos, com especial precaução ao manipulá-los, uma vez que são produtos muito agressivos.
Em relação às operações de lixagem, a diferença fundamental centra-se na forma e na geometria das jantes. Estas costumam apresentar formas com muito poucas zonas planas e muitas reentrâncias e ângulos. Isto faz com que o trabalho de lixagem sejam quase exclusivamente manuais, o que obriga o pintor a prestar especial atenção ao processo para assegurar a qualidade da lixagem, base de todas as operações de pintura posteriores.

PINTURA DE JANTES COM PINTURA EM SPRAY
Existem no mercado variadas caixas de ferramentas específicos para a reparação e pintura de jantes, que garantem boa qualidade, sempre que se proceda com destreza. Normalmente, constam destes elementos:
– Limpador de superfícies específico para não danificar a borracha do pneu nem a pintura.
– Resinas reparadoras ou gel e partículas de alumínio com ativadores de cianocrilato e úteis para a mistura e aplicação na reposição de pequenas perdas de material.
– primários específicos para garantir a aderência da cor e verniz e cobrir pequenos defeitos.
– Sprays 1K distintos de acabamento metálico para reproduzir a cor – a gama de possíveis acabamentos é limitado.
Além disso, algumas destas malas ou kits incorporam verniz em spray para proporcionar brilho e resistência mecânica.
A vantagem principal de empregar sistemas de pintura de jantes em spray é o uso de produtos 1K. Ao não catalisar-se, não estão sujeitos a um tempo de aplicação; usa-se apenas a quantidade necessária – não gerando assim resíduos de pintura em cada aplicação -; esta tinta, pronta a usar, poupa tempos de mistura e elimina os trabalhos de limpeza dos equipamentos.
Pelo contrário, o seu maior inconveniente é a limitação das cores de acabamento existentes, pelo que, em alguns casos, a atuação sobre uma única jante pode provocar diferenças de acabamento com o resto das jantes do veículo.

PINTURA DE JANTES COM PISTOLA AEROGRÁFICA
O processo é semelhante a qualquer outra de pintura no automóvel e a principal dificuldade é a busca e aproximação da cor. Pode realizar-se a partir das fórmulas específicas para jantes que oferecem os fabricantes de tintas, ainda que, em grande medida, esta informação de cores obrigue a realizar pequenos ensaios já que, em muitos casos, não existem amostras de cores correspondentes a essas fórmulas. Cada vez é mais comum que os fabricantes de titnas ofereçam um espectrofotómetro que proporciona uma fórmula similar ao acabamento que a jante apresenta. Outra opção é procurar, entre todas as amostras de cores de todos os fabricantes, a mais parecida à cor da jante e, partindo dela, igualar o tom desejado.
A vantagem principal de aplicar no processo de equipamentos aerográficos é a analogia com os restantes processos de pintura na oficina, pelo que o pintor não necessita de equipamentos ou materiais adicionais aos habituais.
Como inconveniente, existe apenas um ponto, se compararmos o processo de pintura com spray: a sua maior duração devido às operações de preparação dos produtos de pintura e a limpeza dos equipamentos.

PROCESSO GERAL DE PINTURA DE JANTES
O processo de pintura de jantes começa, como qualquer operação de pintura, limpando e desengordurando a zona da jante a pintar.
Protegem-se as possíveis zonas da jante que não se vai pintar e as partes do pneu que podem ser danificadas pela proximidade das zonas a lixar.
Lixam-se as zonas danificadas da jante com abrasivo P150 e lixadora excêntrico-rotativa, nas zonas lisas ou de fácil acesso, e aplica-se lixagem manual nas de mais difícil acesso. Assim, eliminam-se as arranhadelas pouco profundas, enquanto se localizam e suprimem as pequenas rebarbas ou ou sobras das zonas com perda de material. Seguidamente, limpa-se e desengordura-se de novo.
As zonas com perda de material ou esfoladelas profundas é necessário preenche-las com uma massa ou betume específicos para alumínio. Se não existe, é preciso aplicar um primário de natureza epoxídica, previamente à massa para garantir aderência deste material.
Em reparações com caixas ou kits de spray específicos, o material de preenchimento pode consistir em resinas ou géis aos quais se acrescentam cargas de alumínio.
A lixagem da massa ou betume realiza-se combinando de novo operações de lixagem manual com lixagem à máquina e abrasivos que abarquem desde P150 até P320. Finaliza-se soprando e limpando toda a superfície.
Antes de aplicar o aparelho, deve mascarar-se meticulosamente o pneu e as zonas internas da jante para evitar possíveis pulverizações dos produtos. Deve prestar-se atenção às partes que não devem ser pintadas, como os encaixes dos parafusos e a zona de contacto com o pneu.
A tonalidade do aparelho deve ser cinzento para favorecer a cobertura da cor de acabamento.
A lixagem do aparelho deve realizar-se com abrasivos P400-P500 à máquina, com órbita 3, alternando com a lixagem manual nas zonas de acesso mais difícil. Depois da limpeza respetiva e desengorduramento, faz-se uma máscara, como passo final prévio à aplicação da cor.
Uma vez definida a cor adequada, prepara-se e aplica-se sobre a jante com a pistola erográfica, seguindo as recomendações do fabricante de tinta, ou com o spray correspondente ao tom escolhido. O processo completa-se com verniz de acabamento para obter resistência, dureza e brilho.
Os fabricantes de tintas oferecem tipos distintos de vernizes e aditivos para obter o grau de brilho desejado. Se se aplica em spray, escolhe-se o verniz a partir da gama disponível.

– Consoante a superfície danificada, os processos consistirão numa pintura parcial ou completa
– O aumento generalizado das jantes de alumínio no automóvel leva à sua reparação como alternativa à substituição

Tipos de danos estéticos

– Pequenas perdas de material (a jante apresenta pequenas zonas com falta do material original, principalmente no perfil).
– Esfoladelas (marcas mais ou menos profundas que, em algumas situações, se podem corrigir lixando durante a preparação)
– Descolorações (perda de cor ocasionada pelo uso e pelas condicionantes ambientais)

 

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